Prólogo - JAT 1


Olá, pessoal! Como estão? 
Que tal conferir como está andando JAT? Aqui está o prologo para vocês já irem se familiarizando com meus amorezinhos ;) hehe
A capa ainda é um rascunho (pra uso não comercial e essas coisas todas). Espero que gostem!


A cidade um dia foi linda com as suas imensas casas de telhados coloridos preparadas para o inverno intenso. A época costumava ser feliz, com as festas que vinham com a estação mais fria do ano, mas nada alegraria aquela parte do reino, pelo menos não tão cedo. Os últimos dias foram uma imensa confusão e agora o lugar estava tomado pelas brasas dos últimos incêndios e os muros derrubados. 

Havia nevado mais cedo, mas o que restou dos flocos foram largas poças de água. Estava muito quente para ser inverno, as casas ainda emanavam aquele calor assustador que os moradores ali desejavam não ter conhecido. 

– Ninguém esperava um ataque assim. – Falou a única figura que se aventurava pelas ruas. O toque de recolher havia soado há pelo menos uma hora, e todas as outras pessoas já haviam se retirado para os abrigos, mas ela quis estar ali mesmo sabendo que não deveria. Era uma moça alta, de cabelo negro preso em uma farta e trabalhada trança e olhos azuis que brilhavam intensamente mesmo na semiobscuridade noturna. Trazia algo em seus braços: um amontoado de tecido que se movia de vez em quando. – Por sorte você está bem.

Caminhava rápido, como se tivesse medo de ser seguida – e bem que naquela situação aquilo era perfeitamente possível. Entrou por uma porta escondida entre duas casas e saiu em um pequeno pátio. As construções que envolviam o ambiente permaneciam de pé, fazendo daquele lugar um bom esconderijo. A mulher não parou até chegar à outra ponta e alcançar uma nova porta.

Daquela vez, ela hesitou. Sua mão já estava na maçaneta, mas ela não a girou. Essa é a coisa certa a se fazer? Desceu os olhos úmidos para o que carregava. É por pouco tempo, não é mesmo? Depois as coisas devem melhorar. Respirou fundo e passou pela passagem.

O outro lado não era o interior de uma casa como esperado. A porta dava para uma cidade. A noite daquele lado cheirava a torta de maçã e fim de dia frio. As ruas estavam tomadas por carros, mas não havia ninguém por perto que pudesse ser notado, porém ainda não era hora de dormir, já que as luzes brilhavam nas janelas das casas.

Ela repetiu o endereço mentalmente e estudou demoradamente o número das residências a sua frente. Como previsto, o portal havia levado-a exatamente para onde queria. Cruzou a rua com passos rápidos e logo alcançou a soleira do número 20. Bateu à porta e esperou com certa ansiedade até ela ser aberta.

– Boa noite?… – Um senhor apareceu entre escondido atrás da madeira. As palavras saíram em um alemão rouco e cansado, mas seus olhos esverdeados brilharam de excitação assim que entenderam o que estava acontecendo. – Majestade…

– Boa noite, Arnold. – Ela sorriu de lado, um sorriso tênue, não condizente com o estado de espírito da rainha.

– Entre, a senhora deve estar cansada. Vou pedir para prepararem algo para bebermos. – Arnold deu espaço e ela entrou se esgueirando pela parede do corredor. A casa estava muito clara e ela teve que se acostumar com tanta luz antes de finalmente dar mais algum passo. – Freya! Arrume alguma coisa para nossa convidada comer e beber. – Uma mulher ruiva, de pouco mais de vinte anos, colocou a cabeça para fora de uma porta no final do corredor e sorriu. Estava quase voltando para dentro quando ele a chamou novamente: – Verifique se as crianças já estão dormindo e leve a comida para o quartinho que eu tinha arrumado… Por favor.

A ruiva concordou alegremente, mesmo seu semblante também estando de cansaço.

– Não precisam se incomodar. – A visitante sussurrou. Suas bochechas coraram e suas sobrancelhas fizeram uma curva descontente e envergonhada. – Eu já estou de saída.

– Mas é claro que não. Vossa Majestade viajou até aqui, e eu não deixarei que parta sem ter descansado e se alimentado. – Arnold a guiou escada a cima. – Além do mais, a senhora tem que ver onde essa criaturinha linda irá morar. – Arnold desceu os olhos para o amontoado nos braços da rainha. A bebezinha agora dormia calmamente, como se não tivesse acabado de atravessar um portal entre mundos.

Subiram até o primeiro andar e ele a levou até um corredor sem porta. Arnold puxou uma cordinha no teto e desceu a escada que levava para o sótão. 

– Aqui é bem fresco e amplo. – Comentou assim que subiram. – Claro que não tem ares de quarto real, mas eu me esforcei para que a princesa goste.

A rainha examinou o lugar. Estava tudo impecável, com móveis recém-comprados em tons de azul, bege e branco; e quadros coloridos na parede. Era um quarto perfeito para a princesinha, e a mãe gostou desde o primeiro momento.

– Não precisava ter se incomodado.

– Tudo do melhor para minha princesa e filha de uma grande amiga.

– Mas você parece tão ocupado aqui, tomando conta do orfanato e de tantas crianças para ainda se preocupar tanto com…

– Jullie, nem ouse pensar nisso. Eu estou mais do que feliz de poder cuidar de sua filha. Claro que eu não desejaria que fosse nessas circunstâncias, mas já que foi assim, eu fico ainda mais feliz por você ter confiado em mim.

– Sempre confiei. – Jullie se aproximou devagar do berço azulado e deitou a criança carinhosamente. Uma lágrima tímida desceu pela bochecha, mas ela a secou rapidamente. 

Arnold fez um gesto para que a rainha se sentasse na poltrona perto da janela. Jullie se moveu hesitante até lá, como se se recusasse a se afastar da filha, mas querendo romper o mais rápido possível aquela ligação entre as duas. 

A porta foi aberta e Freya entrou com uma bandeja. Ela a colocou sobre a mesinha baixa entre os dois e se retirou, não antes de examinar a rainha por longos segundos e manter o sorriso delicado do primeiro momento.

– Você seguiu em frente? – Jullie observou a ruiva saindo. Sua face não reprovava, mas também não aprovava. Estava vazia. Séria.

– Como eu conseguiria seguir em frente? – Ele rodou os olhos até a janela. Sua expressão também se esvaziou, mas a rainha sabia que aquilo era tristeza e saudade. – Tudo o que eu tinha ficou em casa. Freya é uma ótima companhia e as crianças daqui também. Mas o vazio nunca será preenchido.

– Eu sinto muito.

– Não sinta, eu mereci.

– Não mereceu. O erro das pessoas é acreditar na separação entre bem e mal. Nada é tão certo assim. As pessoas não são divididas perfeitamente dentro dessa dicotomia. Não é como se um erro definisse tudo… – Ela deitou os olhos também na janela do sótão. Dali dava para ter uma linda vista de Berlim noturna.

Arnold percebeu que as palavras da rainha não se referiam apenas a ele.

– Você acha que a princesa estará segura aqui? – Ele mudou rapidamente de assunto.

– Eu espero que sim. – Os olhos azulados da rainha não se distanciaram da vista da janela. – Eu darei meu máximo para protegê-la também, mas acho que não será preciso tanta guarda.

– Samy é um mago habilidoso. – Ele comentou. – Mas, pelo que conheço dele, não acho que mexeria com uma criança de dois anos. Não é do feitio dele.

– Ele não. – Suas pálpebras se cerraram por um instante. – Mas já não tenho certeza sobre as pessoas que o seguem. Você sabe bem como são.

– Mas eles não sabem onde a princesa está, e também não é tão fácil viajar entre mundos. Então é quase que certeza que não podem fazer mal a ela aqui.

– Sim. E eu espero que a estadia dela seja por pouco tempo. Tenho que arrumar as coisas em casa e tentar salvar minha filha das ameaças dele. Bem… A morte de Miguel deixou tudo mais confuso e… É tudo tão recente. – Novas lágrimas desceram pelo rosto descorado e juvenil da rainha. – Eu quero que tudo esteja arrumado antes de Haley voltar.

– Eu te entendo. – Ele sorriu. – Vou cuidar dela como uma filha até tudo ficar seguro.

– Obrigada, Arnold. Agradeço todos os dias por ter um amigo como você.

– Não agradeça. Eu que serei sempre grato pelo que fez pelo… – Ele não conseguiu impedir algumas lágrimas de surgiram em seus olhos. Mesmo não deitando-as, elas o impediram de concluir a frase. – Co-como ele está?

– Ele está bem, um pouco assustado com tudo o que aconteceu, mas bem. Eu queria poder ter trazido ele também, mas você sabe como ele é.

– Ele ainda não me perdoou, não é mesmo?

Os lábios da rainha se apertaram e o homem já sabia a resposta. “Mas é melhor assim, pelo menos ele não deve estar sofrendo como eu.” Arnold sussurrou, mais para si mesmo do que para a rainha.

Jullie pegou o prato com um pedaço de torta que Freya trouxera e tentou comer. Não deu mais do que duas garfadas e o deixou novamente de lado. Há dias não comia, mas ainda estava sem apetite. Não deveria ficar tanto tempo sem comer, ela sabia, ainda mais na situação em que se encontrava. Além do mais, precisava de força para tudo o que sabia que viria. Mas não conseguiu pegar o garfo novamente, e a torta em sua boca desceu com gosto amargo.

– Acho melhor eu ir. – Ela se ergueu vagarosamente. Arnold finalmente notou a barriga saliente da moça e compreendeu porque se movia com tanta cautela.

– Será que vai ser um príncipe dessa vez? – Ele sorriu de lado.

– É uma menina. – Ela afagou delicadamente a barriga.

– Pena que Miguel não teve como conhecê-la.

– Uma pena. – Uma sombra turva passou pelos olhos da mulher, mas se dissipou tão breve quanto surgiu. Ela caminhou de volta até o berço da princesa e retirou o colar que antes trazia pendendo entre os seios. Deitou o pingente de joaninha sobre a mãozinha delicada da bebê. – Mamãe te ama, Haley. Arnold vai cuidar bem de você, tá? – Então, virou-se novamente para o senhor. – Por favor, não deixe que ela perca o colar. Ela vai precisar dele.

– Sim, majestade.

– Muito obrigada. – Jullie abraçou com força o amigo. – Espero revê-lo em breve. E que da próxima vez, você volte comigo para casa.

– Também espero.

Jullie secou uma última lágrima e se aproximou da porta. Respirou fundo, murmurou algumas palavras em uma língua antiga e a abriu. Do outro lado estava a cidade em chamas. Olhou para trás e sorriu para Arnold que acenava carinhosamente e para a criança no berço. “Um dia…” Pensou antes de atravessar o portal.



Então,  que acharam? Animados? Não deixem de comentar a opinião de vocês :3 hehe bjks

1 comentários :

Muito obrigada por lerem. Espero que tenham gostado. Então, que tal deixar um comentário com a sua opinião? Acha que ficou alguma coisa confusa? Gostou ou não gostou? É só comentar que eu adorarei ler :)

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